A corrida de São Silvestre
é a prova mais tradicional do Brasil e a jacarezada, como não poderia ser
diferente, marcou presença, desfilando o manto azul sagrado pelas ruas de São
Paulo. E para representar essa nobre equipe São Joseense
contamos com a presença da Cláudia Ribas, Rudival, Adri Alves, Carlos Zanini,
Andre, Marcos e Virca.
Chegamos eu, Marcos e
Virca no dia 30 bem cedinho em São Paulo, por volta das 07:45 h da manhã.
Estávamos com a mala cheia dos nossos apetrechos de corrida (relógio, meias,
calção, camisetas, tênis, etc), mas o coração estava ainda mais cheio, só que
de grande ansiedade e emoção. Chegamos ao hotel e resolvemos nos concentrar (em
outras palavras, dormir bastante rsrs) para o que no dia seguinte seria uma
experiência inesquecível. Contudo, para não perder o costume, fizemos aquela
reuniãozinha básica em torno de uma mesa de restaurante na hora da janta, para
alimentar o corpo e acalmar o espírito em ótima companhia da jacarezada. Alí na
companhia da Claudinha e família, nós rimos, comemos, jogamos conversa fora,
mas voltamos para o hotel cedinho, afinal de contas precisávamos de uma boa
noite de sono, pois acordaríamos na madrugada no dia seguinte.
“É hora de levantar! São
06:00 h! É hora de levantar!” gritava o despertador no dia seguinte, enquanto
batia aquela vontade de jogá-lo pela janela. Só que não! O foco era tanto, que
ao toque estridente e irritante do despertador, todos levantaram sem
pestanejar. Vestimos o manto sagrado, tomamos café da manhã e partimos para a
Avenida Paulista, palco inicial e final dessa grande e fervorosa festa que é a
São Silvestre. Chegamos na Avenida Paulista por volta da 07:15 da manhã. As
televisões já estavam lá iniciando os preparativos para acompanhar os corredores
dos pelotões geral e de elite. A prova iniciava somente às 09:00 da manhã.
Quando chegamos já encontramos algumas figuras marcantes, que só vemos nessa
corrida em especial. Pessoas fantasiadas, que vem para se divertir acima de
tudo e entreter os demais participantes. Dentre esses personagens encontramos o
Papa Francisco no seu papamóvel, o Obama, o Tiririca, o Anjo, o Fuleco (tatu
que é o mascote da copa do mundo), a Mulher Maravilha. Pessoas que vem
representar, com um orgulho imenso, de estufar o peito, a sua terra natal. E
olha que encontramos muita gente meeeeeeeessmo!! Pessoas do Nordeste, pessoas
do Sul, Centro-Oeste, do Brasil inteiro, exibem suas faixas, algumas bem
elaboradas, algumas improvisadas com pano e cabo de vassoura, não importa! O
importante é erguer bem alto e torcer para aparecer na Globo. Tem gente até que
foi pedir para participar do lata velha, do Luciano Huck. E para o final, mas
não menos importantes: as torcidas organizadas, em especial as “beldades” de
perucas coloridas que compunham a torcida do “Tonhão”. Elas gritavam, no meio
da multidão, ensandecidas e descontroladas, enquanto aguardávamos a largada, o
seu amor pelo Tonhão: “vai Tonhão” “eu te amo Tonhão”. O circo estava armado e
a piada rolava solta, de modo que todos começaram a gritar pelo nome do
“Tonhão”.
E na espera pelo disparo
que dá início à corrida conhecemos pessoas. Aglomerados em meio ao mundaréu de
gente, começamos conversas, compartilhamos fatos e até descobrimos pessoas que
conhecem a nossa equipe de outras corridas.
Depois de quase 1h30 de
espera, que na verdade transcorreu em um piscar de olhos, tamanha a emoção e a
energia que emanava de cada pessoa naquela multidão, em um calor de 25ºC nas
primeiras horas daquela manhã abafada, foi dada a largada. Pense na grandiosidade
do evento. A cada túnel que passávamos éramos aplaudidos por várias pessoas,
desconhecidas, mas por quem cativamos um carinho especial, tendo em vista o
grande incentivo que nos passavam.
Os três primeiros
quilômetros foram uma grande tranquilidade em um trecho com muitas descidas e
vento. O calor então começou a apertar, o sol começando a arder e a água estava
começando a faltar. Até que no km 4 veio o primeiro ponto de hidratação e o
alívio de poder contar com esse refresco. Graças a Deus, porque dali por diante
o percurso começou a apertar. As descidas e tornaram raras e as subidas cada
vez mais constantes. A batalha contra o nosso psicológico foi constante, a cada
subida a persistência e a garra davam forças para que eu não caminhasse. Mas o
legal é que a cada subida vencida, eu tinha mais gás para a próxima, pois eu
ficava cada vez mais fortalecido. Em uma parte do percurso a organização serviu
saquinhos com energético para nos recuperarmos e nos prepararmos para os
quilômetros finais. Depois de muitas subidas e retas chegou a subida tão temida
da Brigadeiro Luís Antônio. Tanta era a espera por essa subida que quando
cheguei nessa etapa da corrida, ouvia muitas pessoas gritando “chegou a
Brigadeiro” “olha a Brigadeiro aí gente”, tipo cantor de escola de samba.
Quando iniciei a subida era impossível enxergar o fim dela. Eram dois
quilômetros de subida. Nesse momento, eu me recolhi comigo mesmo, sem parar de
correr, e pensei “eu não vou andar em nenhum momento” e comecei a subida, não
muito íngreme, mas extremamente longa. Quando eu terminei o primeiro quilômetro
da brigadeiro, eu estava exausto por tudo que já havia corrido e pelo que havia
de subida pela frente ainda. Foi então que ofereci essa corrida para Deus e
pensei “Deus, eu vou vencer essa Brigadeiro, e vou dedicar essa corrida a
você”. Olha só que mágico gente, muitos podem não acreditar, mas eu senti um
grande vento bater suavemente no meu rosto e eu inspirei aquele ar e parece que
meu pulmão se renovou e depois mais para frente, quando o cansaço bateu
novamente, eu senti o mesmo vento, só que empurrando as minhas costas para que
eu não desistisse. E eu não desisti! Enfrentei a Brigadeiro correndo, de cabeça
erguida e muito orgulho no coração. Quando terminei a prova tive a sensação de
que realizei a melhor prova do ano, para fechar com chave de ouro. E a
felicidade foi imensa quando encontrei meus companheiros de equipe me esperando
ao final da prova. Rudival e Claudinha já estavam lá nos recepcionando.
Encontramos o Guiseppe da Assessocor, que também ficou conosco ali no final.
Depois veio a melhor
parte, receber aquela linda medalha, que hoje exibo com o maior orgulho tamanha
a beleza e o significado que ela tem.
Mas não acabou por aí não.
Depois de 1 hora que eu cheguei, chegou também a jacaroa mãe Virca, que nunca
havia corrido uma corrida de 10 km ainda e resolveu encarar de peito aberto a
prova da São Silvestre e encheu a todos nós de orgulho.
Enfim, é uma experiência
única, eu saúdo a todos os jacarés que correram a São Silvestre e abrilhantaram
o evento com a sua ilustríssima presença, mostrando mais uma vez a força da
nossa equipe e que juntos somos casca grossa. Também quero agradecer a todos
aqueles que estavam em casa vidrados na sua televisão, esperando visualizar um
de nós, e que estavam torcendo muito pelo nosso sucesso! Recomendo a todos que
desejam uma dose de emoção, divertimento e superação, a Corrida de São
Silvestre, pois é uma prova que, apesar do número de participantes, é uma prova
muito bem organizada. E também recomendo o metrô de São Paulo, muito moderno.
Rsrs.
Abraços a todos,
Andre Luiz de Matos